No segundo semestre de 2024, o financiamento à economia real manteve seu ritmo de aceleração; no entanto, o Banco Central detectou um aumento na cautela das instituições financeiras em relação ao apetite ao risco para o ano de 2025, conforme revelado no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) publicado nesta terça-feira, 29.
Durante 2024, o BC observou que o crédito bancário destinado a indivíduos (PFs) cresceu, especialmente nos segmentos de financiamento de veículos e crédito não consignado. O mesmo se aplica ao crédito às empresas (PJs), que também viu um aumento nas contratações. “As grandes empresas continuam aproveitando o mercado de capitais, que se torna uma fonte de financiamento cada vez mais significativa”, enfatizou a autoridade monetária.
Apesar do início do aperto monetário em setembro de 2024, o crédito às famílias seguiu em crescimento, especialmente em modalidades de maior risco e para tomadores com menor renda. O BC alertou para uma leve deterioração na qualidade das contratações de crédito não consignado e um aumento no financiamento de veículos mais antigos.
Referente às empresas, embora os critérios de concessão de crédito não tenham mudado de maneira significativa, a pesquisa aponta uma menor tolerância ao risco das instituições financeiras para 2025. “As condições financeiras ainda exigem que sejamos rigorosos na qualidade das concessões”, conforme declarado pelo BC.
Com relação à situação financeira, o BC ressaltou que, mesmo com a melhoria do cenário econômico, ainda há desafios. “O desempenho do emprego e da renda superou as expectativas, mas o comprometimento da renda das famílias continua alto, especialmente entre os tomadores de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN)“, escreveu a instituição, destacando que o nível de alavancagem das empresas se mantém elevado.
O REF assegura que o BC não vê risco significativo para a estabilidade financeira. “O SFN apresenta capitalização e liquidez suficientes, assim como provisões adequadas para perdas esperadas. Os testes de estresse confirmam a solidez do sistema bancário”, explicou.
Vale ressaltar que, apesar de preocupações sobre riscos fiscais e o cenário econômico, a confiança no SFN permanece alta, quase atingindo seu pico histórico. “As preocupações com a dívida pública são primordiais, assim como a possibilidade de desaceleração da economia e aumento da inadimplência.]