O Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), parte da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), alcançou um marco histórico: mais que dobrou o número de cirurgias oncológicas realizadas em um único ano. O hospital passou de 511 procedimentos em 2023 para 1.191 em 2024, resultando em um aumento de 133% e superando em 83% a meta estabelecida de 650 cirurgias anuais.
As estatísticas refletem uma transformação significativa, impactando positiva e diretamente a vida dos usuários do SUS ao garantir tratamentos mais rápidos, eficazes e humanizados. Essa iniciativa teve origem no curso de pós-graduação Lean Six Sigma, destinado a gestores da Fhemig, e se concentrou na melhoria de processos através do esforço colaborativo da equipe.
A metodologia aplicada permitiu identificar pontos críticos, redesenhar fluxos de trabalho e otimizar os recursos existentes. “Não aumentamos leitos nem contratamos novas equipes. Fizemos mais com o que já tínhamos, com ações específicas. O resultado foi o aumento da produtividade e da qualidade no atendimento”, afirma Leandro Tiago Bueno Costa, gerente assistencial do HAC.
Entre as medidas implementadas, destaca-se o aperfeiçoamento do projeto Navegador, destinado a guiar o paciente oncológico durante o tratamento, eliminando quaisquer barreiras que possam surgir. Além disso, as escalas foram reorganizadas, promoveu-se uma maior integração entre as equipes, e revisou-se o processo de agendamento de cirurgias.
A taxa de ocupação do bloco cirúrgico, que era de 48% em janeiro de 2024, saltou para 75% em março de 2025, com a realização de 205 cirurgias oncológicas no mês. No primeiro trimestre de 2025, mais de 600 cirurgias foram realizadas, representando um aumento de mais de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O projeto simboliza não apenas um aumento no acesso à saúde, mas também uma redução no tempo de espera. “Com a mesma estrutura e equipe, ampliamos significativamente nossa capacidade”, ressalta Nayara Aparecida Pacheco, coordenadora da Unidade Cirúrgica Oncológica.
Além dos benefícios assistenciais, essa eficiência gerou um impacto financeiro positivo, com um aumento de R$ 1,2 milhão no faturamento do hospital. “É um retorno que fortalece ainda mais a estrutura do SUS”, reitera Leandro.
O êxito do projeto se deve ao engajamento de toda a equipe. “É uma engrenagem. Bloco cirúrgico, CTI, ambulatórios e internação trabalham juntos. A colaboração foi essencial”, afirma Nayara.
A diretora do Complexo Hospitalar de Especialidades, Cláudia Fernanda de Andrade, expressa seu orgulho pelo feito: “Atingimos o maior número de cirurgias oncológicas da história da unidade. O projeto é um marco e continuará sendo aprimorado em 2025, beneficiando ainda mais usuários do SUS”.
Os resultados já são visíveis na vida dos pacientes. Cristiano José Freira, motorista de aplicativo, que foi diagnosticado com câncer de laringe em janeiro de 2025, destaca que em menos de um mês já havia iniciado o tratamento: “Foi tudo muito rápido e humanizado. Isso me deu esperança de aproveitar mais a vida”.
Da mesma forma, Solange Nogueira Fernandes, uma doceira diagnosticada com câncer de intestino, relata que foi operada rapidamente: “Desde a colonoscopia até a cirurgia, foi só um mês. Me senti acolhida do porteiro ao médico. Fazer a cirurgia foi minha liberdade em relação à doença”.
A equipe já está planejando expandir as ações para outras áreas do hospital, garantindo segurança e qualidade ainda maiores aos usuários.