Durante a sétima audiência do Massacre de Paraisópolis, o policial militar Rodrigo Cardoso da Silva afirmou que não reconheceu a motocicleta mencionada em seu depoimento, que teria sido usada por um suposto atirador do local onde ocorreram os disparos que resultaram na morte de nove jovens no Baile da DZ7, em 1º de dezembro de 2019.
O policial, que fazia parte da equipe que alegou ter sido atacada enquanto lidava com a multidão em um baile funk, disse: “Registro da moto, não cheguei a ver, mas é que mostraram muitos vídeos para a gente. Os vídeos que mostraram para a gente, acho que não eram nem do local. Muitas fotos mesmo e foto desfocada. Então, não dá para precisar se era a moto”. Essa declaração foi feita durante uma audiência virtual e levantou ainda mais interesse sobre as ações da polícia durante o evento trágico.
De acordo com Silva, o homem na garupa teria disparado sua arma em direção aos oficiais, o que provocou uma onda de pânico entre os participantes. Ele mencionou que foram feitos “vários” disparos, embora não tenha certeza de que o número ultrapassasse 20.
A defesa do grupo de policiais envolvidos sustenta que um segundo grupo foi deslocado ao local do baile funk, e que a confusão foi provocada pela entrada da motocicleta, com a multidão hostilizando os policiais. Importantes perguntas ficaram sem resposta, incluindo por que não foram prestados primeiros socorros às vítimas, sendo que a mais jovem tinha apenas 14 anos.
As audiências tiveram início em julho de 2023 e foram realizadas no Fórum Criminal da Barra Funda, onde se decide se os 12 policiais acusados de homicídio irão a júri popular. A próxima audiência está marcada para o dia 6 de maio. Durante essa fase, a promotora do caso, Luciana Jordão, enfatizou a importância da cobertura da imprensa para garantir que o caso não caia no esquecimento.
A promotora destacou: “Quanto mais distante fica o julgamento, mais as pessoas esquecem. Eles [policiais e advogados] querem que isso se distancie, caia no esquecimento. Vejo que as famílias têm sido firmes para manter a memória disso, uma memória muito importante. Não é uma memória só de um fato, mas de vítimas.”
O massacre de Paraisópolis continua sendo um tema envolto em controvérsias, e a luta da comunidade por justiça revela-se incessante diante das falhas na resposta do sistema de segurança.