Durante a cobertura do funeral do Papa Francisco na GloboNews, Ilze Scamparini, de 66 anos, recordou um momento marcante de sua carreira: a pergunta que fez ao pontífice em 2013 sobre a opinião da Igreja Católica em relação à causa LGBT+.
Em uma conversa na TV, a jornalista comentou sobre a frase que ficou famosa: “Quem sou eu para julgar?”. Ela ressaltou o impacto que a resposta do papa teve sobre ela ao longo dos anos, afirmando: “Doze anos se passaram. Quando me transporto para aquela cena no avião, ainda sinto um impacto no meu sistema nervoso daquela fala do papa”.
Ilze descreveu como se sentiu ao levantar a mão para fazer sua pergunta: “Era um domingo e entrei no avião com uma intuição. Me coloquei em uma espécie de fila para fazer a minha pergunta, levantando a minha mão”. Apesar de outros jornalistas terem cedido seus lugares a ela, a repórter ficou nervosa quando o porta-voz do Vaticano encerrou a sessão sem que ela fosse chamada.
“Mas o papa não me ignorou. Olhou para mim e pediu ao porta-voz para deixar que eu falasse. Num gesto, me chamou. Eu fui lá na frente, onde ele estava, e peguei o microfone. Antes de perguntar, pedi licença ao papa para tocar num assunto delicado e ele consentiu com a cabeça”. A jornalista relembrou que, naquele momento, Francisco parecia embaraçado e nervoso, pois era a primeira vez que um papa recebia uma pergunta sobre a comunidade LGBT+.
Após a pergunta, Ilze revelou que o líder católico a agradeceu, mas percebeu que ele já não sorria. “Saí dali sentindo uma emoção muito forte, contrastante. Sentei-me na cadeira do avião, fechei os olhos e, por um instante, senti alguém apertando o meu braço. Era o padre Lombardi, o porta-voz, que me disse algo como: ‘Fica tranquila, o papa gostou da pergunta'”.
Ela finalizou sua recordação mencionando as consequências daquele diálogo: “Oito ou nove horas depois a gente pousou em Ciampino, em Roma. A confusão estava armada e começou um debate na igreja que até hoje não terminou”.