Pesquisadores encontram indícios em organismo unicelular antigo que sugerem fim do mistério entre o ovo e a galinha

Um dos dilemas mais antigos e intrigantes da humanidade pode finalmente ter sido solucionado pela ciência: o ovo veio antes da galinha. Pesquisadores da Universidade de Genebra (Unige), na Suíça, estudaram um organismo unicelular chamado Chromosfera perkinsii, que vive nos oceanos há bilhões de anos, bem antes do surgimento dos primeiros animais. Esse organismo, encontrado em sedimentos marinhos no Havaí, exibe um comportamento raro: quando atinge seu tamanho máximo, divide-se em colônias multicelulares que lembram embriões, sugerindo uma forma primitiva de vida multicelular e desenvolvimento embrionário.

A descoberta de que uma espécie unicelular pode formar estruturas semelhantes a embriões — com células diferenciadas — sugere que processos de embriogênese existiam muito antes da evolução dos animais. Segundo Omaya Dudin, professora de bioquímica que liderou o estudo, isso indica uma coordenação celular presente em organismos antigos, desafiando a visão tradicional de que o desenvolvimento de embriões teria surgido apenas com os animais complexos.

Os pesquisadores da Unige acreditam que C. perkinsii evoluiu ao longo de milhões de anos para alcançar essa habilidade. Os achados abrem caminhos para estudar fósseis com 600 milhões de anos, que também apresentam formas embrionárias, e que até hoje intrigam cientistas. A pesquisa fortalece a hipótese de que o ovo — ou algo como ele — antecede o surgimento dos animais modernos, trazendo nova luz ao famoso dilema evolutivo.

Foto destaque: Reprodução/Gandee Vasan