As escolas municipais São Tomás de Aquino, no Leme, e Pedro Ernesto, na Lagoa, ambas na zona sul do Rio, recebem, nos dias 20 e 24 de maio, a primeira edição do Programa de Educação Antirracista, promovido pela ONG Parceiros da Educação Rio.

A proposta tem como objetivo transformar a visão de educadores da rede pública sobre a equidade racial, promovendo a valorização das culturas negra e indígena, além de reconhecer a diversidade como uma ferramenta essencial para a transformação social.

Esta iniciativa faz parte do projeto Lá Vem História e tem por meta formar 50 professores de 20 escolas parceiras por meio de oficinas artísticas e culturais, como danças indígenas, jongo, samba e capoeira, e atividades de mediação de leitura que buscam envolver educadores de maneira lúdica e interativa, incentivando o contato com a literatura oral e escrita.

A coordenadora do projeto, Lêda Fonseca, ressalta que a educação antirracista está prevista na legislação brasileira. A Lei 10.639/2003 estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira em todas as escolas públicas e privadas do Brasil, do ensino fundamental ao médio. Já em 2008, a Lei 11.645 incluiu a obrigatoriedade do ensino da cultura indígena.

“Sentimos a necessidade de trabalhar mais com os professores sobre essa temática para que tenham um repertório mais ampliado sobre tais culturas. Os professores foram formados em uma perspectiva muito eurocêntrica. Precisamos conhecer mais as culturas africana e indígena, pois temos uma população estudantil predominantemente parda e negra”, disse Lêda.

Cada uma das 20 escolas participantes receberá um acervo com dez obras de autores influentes, como Djamila Ribeiro, Bell Hooks, Sônia Rosa e Bárbara Carine, contribuindo para uma biblioteca antirracista que amplia o acesso a narrativas diversas.

“O projeto Lá Vem História tem transformado a vida dos alunos ao levar cultura e arte às escolas da rede municipal. A iniciativa promove a reflexão sobre diversidade e inclusão, formando uma geração mais consciente e engajada com a cultura brasileira”, afirmou Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação.

O programa incluirá rodas de conversa e debates sobre práticas pedagógicas decoloniais, além de visitas a locais de importância histórica e cultural, como o Cais do Valongo — reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade —, a Aldeia Maracanã e outros centros culturais da cidade.

Agenda

• Dia 20/5 – Escola Municipal São Tomás de Aquino, das 9h às 11h
  Endereço: Praça Almirante Júlio de Noronha, 40 – Leme
  Cerca de 245 crianças vão assistir a uma apresentação da artista Ana Bispo, que destaca o legado de compositores negros como Gilberto Gil, Cartola e Dona Ivone Lara.
• Dia 24/5 – Escola Municipal Pedro Ernesto, das 9h às 11h
  Endereço: Rua Fonte da Saudade – Lagoa
  Cerca de 50 professores participarão da mesa de abertura com Joana Oscar, da Gerência de Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal da Educação, e Maíra Santos, diretora da primeira escola afro-brasileira, mediado por Thaiana Rodrigues, educadora antirracista e socióloga.

O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, é esperado no evento.

Sobre a ONG Parceiros da Educação

Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, a ONG Parceiros da Educação Rio mobiliza a sociedade para melhorias nas escolas por meio de doações e iniciativas diversas. Fundada em 2009, a ONG já impactou cerca de 40 mil alunos e capacitou mais de 1,7 mil profissionais, atuando em frentes como apoio a escolas públicas, capacitação, reforço escolar, infraestrutura e redução da evasão escolar. Reconhecida pela transparência, possui o selo A+ do Instituto Doar, venceu o prêmio “100 Melhores ONGs do Brasil” (2022 e 2024) e recebeu a Medalha de Mérito Pedro Ernesto (2024) pela Câmara do Rio de Janeiro em reconhecimento ao trabalho na educação pública da cidade.