O governo do Brasil, através do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), está planejando pedir à China o reconhecimento do país como livre de febre aftosa sem vacinação. Esse status significa que o Brasil conseguiu eliminar a circulação do vírus da febre aftosa, tornando desnecessárias as vacinas para controle da doença.

Em 29 de março, o Brasil foi oficialmente declarado livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Essa decisão motivou a embaixada brasileira em Pequim a protocolar um pedido formal à Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) e ao Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China.

Atualmente, o governo chinês mantém algumas restrições à carne bovina brasileira, o que impede a plena retomada das exportações. No que diz respeito à carne de frango, as exportações estão suspensas desde 16 de maio devido a um caso de gripe aviária.

Uma missão técnica da China havia sido recebida pelo Brasil em março de 2024 para verificar os controles sanitários relacionados à carne bovina. Embora a visita tenha sido considerada positiva, a autoridade aduaneira chinesa solicitou, em setembro do ano passado, algumas “informações adicionais”, contrariando a avaliação anterior.

Em abril deste ano, mais informações técnicas foram enviadas ao governo chinês a respeito dos programas de erradicação e vigilância da febre aftosa, mas nenhuma decisão definitiva foi tomada até agora.

O Brasil se posiciona como o segundo maior produtor mundial de carne bovina, apenas atrás dos EUA, e lidera as exportações nesse setor. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em 2023 foram exportadas 2,9 milhões de toneladas de carne bovina, gerando receitas de US$ 12,9 bilhões.

A China, em 2024, foi o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, correspondendo a 41,5% do total. No total, 1,33 milhão de toneladas foram exportadas, representando um aumento de 9,8% em relação a 2023.

Por outro lado, as exportações de carne de frango do Brasil enfrentam uma queda, com uma redução de 1,5% em maio, após o primeiro caso de gripe aviária em granjas comerciais. O Brasil está na expectativa de que o governo chinês alivie as restrições regionais relacionadas ao frango, limitando-as ao Rio Grande do Sul ou ao município de Montenegro, onde o surto foi confirmado.

A diplomacia brasileira também está dialogando com a União Europeia para a regionalização do embargo às exportações de frango, já que desde 16 de maio as importações foram paralisadas para todo o território nacional, de acordo com os protocolos firmados com a região, afetando quase 20 países.