Neste sexta-feira (16), a Coreia do Sul reiniciou as negociações comerciais com os Estados Unidos, com foco em dois pontos principais: a redução de tarifas e colaborações no setor de construção naval. As conversas acontecem durante a reunião ministerial da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na ilha de Jeju.
O representante comercial americano, Jamieson Greer, se reunirá com o ministro do Comércio e Indústria sul-coreano, Ahn Duk-geun, na continuidade das discussões que começaram em abril, em Washington.
Além das reuniões oficiais da APEC, Greer já se encontrou com figuras proeminentes do setor naval sul-coreano, como Chung Ki-sun, vice-presidente do grupo HD Hyundai, e planeja discutir parcerias com a Hanwha Ocean. A Coreia do Sul, que é o segundo maior centro de construção naval do mundo, busca apoio dos EUA para fortalecer sua posição no setor e reduzir a dependência de importações.
A HD Hyundai divulgou uma proposta de colaboração com Greer, que inclui fabricação conjunta de guindastes portuários, desenvolvimento de novas tecnologias e formação de profissionais qualificados.
Pressão comercial e tarifas
As negociações ocorrem em um contexto de crescente pressão comercial dos EUA sobre a Coreia do Sul. O superávit comercial da Coreia do Sul com os EUA atingiu US$ 66 bilhões em 2024, posicionando o país como um alvo direto para o presidente Donald Trump, que já anunciou tarifas de até 25% sobre veículos sul-coreanos.
O setor automobilístico sul-coreano responde por aproximadamente 27% das exportações para os Estados Unidos, o que torna as tarifas um tema sensível nas discussões. Trump também considerou novas tarifas sobre importações gerais da Coreia do Sul, mas adiou essas medidas até julho.
Com isso, Seul está em busca de um acordo abrangente que evite novas sanções e mantenha o equilíbrio nas relações comerciais.
Taxa de câmbio e gás natural
Outro assunto importante nas conversas é a taxa de câmbio do won, que os EUA consideram subvalorizada, e a possibilidade de aumentar importações de gás natural liquefeito dos EUA.
Semicondutores
O setor de semicondutores também está sob análise. Os EUA iniciaram uma investigação sobre a exportação de chips, o que pode resultar na criação de novas tarifas. Em 2024, a Coreia do Sul exportou US$ 10,7 bilhões em semicondutores para os EUA, dominados pelas empresas Samsung Electronics e SK Hynix.
A tensão nas relações comerciais é especialmente crítica para a Coreia do Sul, que está passando por um momento de instabilidade política após o impeachment do presidente Yoon Suk-yeol. Além disso, a economia sul-coreana, que depende fortemente das exportações, encolheu 0,1% no primeiro trimestre deste ano, gerando preocupações no cenário econômico global.
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