No dia 14 de agosto, o dólar apresentou uma queda, refletindo a atenção do mercado em relação às alterações na política tarifária dos Estados Unidos.
O presidente Donald Trump anunciou na sexta-feira à noite uma flexibilização da aplicação do tarifaço sobre diversos produtos eletrônicos, incluindo smartphones e computadores. Essa mudança é considerada temporária pela Casa Branca.
Por volta das 14h02, a cotação do dólar caiu 0,26%, cotada a R$ 5,871, enquanto o Ibovespa acompanhou a tendência de alta do exterior, registrando um aumento de 0,93%, atingindo 128.875 pontos.
A decisão de Trump isenta eletrônicos das tarifas de 145% sobre as importações vindas da China e de 10% sobre produtos de outros países. A lista de isenções, divulgada pela alfândega americana, inclui itens como discos rígidos e processadores de computador, produtos que geralmente não são fabricados nos EUA.
Um alto funcionário do governo, em entrevista ao New York Times, afirmou que essas isenções visam garantir o fornecimento de semicondutores, que são fundamentais para numerosas tecnologias.
No entanto, Trump declarou no domingo que não houve “isenção tarifária”, apenas uma transferência desses produtos para outra categoria tarifária, evidenciando a taxa de 20% aplicada à China em fevereiro, como retaliação ao tráfico de drogas, como o fentanil.
Recentemente, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, mencionou que os produtos eletrônicos poderiam ser afetados por tarifas separadas em breve, aumentando as dúvidas sobre a permanência dessas isenções.
De acordo com Leonel Mattos, analista da StoneX, a situação ainda é incerta e desafiadora devido à postura inconsistente da Casa Branca, especialmente para investidores que precisam tomar decisões a longo prazo.
A flexibilização atual sugere um espaço potencial para negociações nas tarifas, aliviando parte das tensões que impactaram os mercados nas semanas anteriores.
Os principais receios incluem os efeitos profundos que essas tarifas poderiam ter sobre o comércio internacional, resultando em uma redução dos fluxos comerciais e aumento dos preços de produtos essenciais nas cadeias de abastecimento. Essa situação poderia provocar um aumento da inflação global e levar importantes economias, inclusive a dos EUA, a um possível cenário de recessão.
O analista Daniel Ives, da Wedbush, comentou que a situação atual é mais favorável em comparação à última sexta-feira e que os investidores de tecnologia podem ter um momento de alívio, embora a incerteza persista sobre os próximos passos e as negociações tarifárias com a China.
A disputa entre Washington e Pequim se intensificou desde o dia 2 de abril, quando Trump tornou pública a proposta do tarifaço. Initialmente, a China seria tarifada em 34%, além do imposto básico de 10% para todas as importações. Contudo, a China respondeu com tarifas semelhantes, e a situação escalou para tarifas de até 145% por parte dos EUA.
O porta-voz do Ministério das Finanças da China ressaltou que, sob o atual nível de tarifas, os produtos dos EUA não são aceitos pelo mercado chinês, e se os EUA persistirem nas tarifas, isso será ignorado pela China.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, expressou otimismo sobre a possibilidade de um acordo comercial com a China, indicando que qualquer retaliação adicional não será benéfica.
Além disso, os EUA suspenderam parte das tarifas aplicadas a alguns parceiros comerciais por 90 dias, mantendo uma taxa básica de 10% durante as negociações, embora isso não inclua a China.
As negociações bilaterais entre os EUA e países afetados devem começar esta semana, com reuniões agendadas, incluindo uma conversa com autoridades japonesas na quinta-feira.
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, informou que os negociadores dos EUA e da União Europeia estão avançando significativamente após várias reuniões.