Barcarena, PA – A operação de duas termelétricas, financiadas com R$ 5,6 bilhões do BNDES, promete acirrar as preocupações ambientais na vila de Vila do Conde, uma das mais antigas do Pará. Este empreendimento, que utiliza combustíveis fósseis, resultará em emissões significativas de gases de efeito estufa durante a produção de energia.
As termelétricas, incluídas no Novo PAC do governo Lula, estão em construção na região do Porto de Vila do Conde, a cerca de 40 km de Belém. A primeira, Novo Tempo Barcarena, deve entrar em operação no próximo semestre, seguida pela Portocem em 2026. Com a previsão de importação de gás natural da Nigéria, Catar e Trinidad e Tobago, o projeto envolve a norte-americana New Fortress Energy.
Embora a empresa afirme que o gás natural emite menos CO2 do que o carvão e o óleo combustível, a localização e os impactos esperados na pesca artesanal são motivo de preocupação. A região atualmente abriga entre 4.500 e 5.000 pescadores artesanais, cuja atividade piscatória já foi severamente prejudicada devido a industrialização e ao transporte marítimo intenso no local, resultando em uma redução de até 87% nas populações de peixes.
A nova infraestrutura de energia elétrica poderá oferecer abastecimento a cerca de 9 milhões de residências. Contudo, a expectativa é que a emissão de poluentes – como monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre – primeiramente afete a qualidade do ar na Vila do Conde. A empresa New Fortress confirma a instalação de um sistema de monitoramento da qualidade do ar devido aos riscos associados.
Líderes comunitários expressam preocupação por não terem sido consultados adequadamente sobre os impactos potenciais das usinas. Enquanto o BNDES sustenta que agora financia apenas termelétricas de gás natural, o impacto real na pesca e nas comunidades ribeirinhas ainda não está claro, com alegações de que não se realizou um estudo de impacto ambiental adequado para a segunda usina.
A COP30 está programada para ocorrer em breve, e a questão da transição energética, com a redução do uso de combustíveis fósseis, emerge como um tópico crítico, especialmente na luz das deliberações recentes da COP28.