A redução da inflação na Argentina, que apresentou um índice de 289% em abril do ano passado, caiu para 84% em janeiro de 2025, é atribuída a uma recessão econômica que deverá fechar 2024 com uma contração de 3% a 4% no Produto Interno Bruto (PIB). Esta análise foi feita pelo economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, que também ministra aulas sobre a economia de países, incluindo a Argentina.
Segundo Gala, a recessão foi impulsionada por um corte drástico nos gastos públicos implementado pelo governo do ultraliberal Javier Milei, atualmente associado ao “Cripto Gate”. Ele explicou: “A principal razão para a queda da inflação na Argentina é a contração do PIB, pois a economia parou de funcionar”.
Impactos do Ajuste Fiscal
Gala destacou que o ajuste fiscal severo, que envolveu a suspensão de obras e demissões no funcionalismo público, fez com que a Argentina se tornasse o país da América Latina com o maior superávit fiscal.
“O que Milei está implementando é um choque típico de contração de gasto público. Ele restringiu os gastos ao máximo, realizando um ajuste fiscal intenso e rigoroso, resultando em uma grande desaceleração econômica”.
Desafios da recuperação econômica
Apesar da melhoria de alguns indicadores econômicos a partir do final de 2024, a situação continua crítica. Gala observou que o ano passado foi excessivamente difícil e, mesmo que 2025 não apresente pioras, o potencial de recuperação ainda é incerto. Com a inflação permanecendo alta, em torno de 100%, e o desemprego em níveis elevados, a crise persiste.
A indústria na Argentina teve um declínio de -9,4% em 2024, embora este número seja uma melhora em relação a uma retração de -15,4% em abril de 2024.
O aumento da pobreza
A recessão elevou os índices de pobreza de 38,7% da população no primeiro trimestre de 2023 para 54,8% no primeiro trimestre de 2024. Embora os índices tenham mostrado uma leve melhora, chegando a 38% em meados de 2024, o Observatório da Dívida Social advertiu que o aumento dos custos de serviços básicos continua a complicar a capacidade de consumo das famílias argentinas.
Nos indicadores de pobreza multidimensional, a situação também não é alentadora, com a pobreza multidimensional subindo de 39,8% em 2023 para 41,6% em 2024, revelando as privações estruturais que afetam a população mais vulnerável.