BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na última terça-feira (18), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a adesão do Brasil a três importantes fóruns internacionais sobre energia e petróleo. Apesar das expectativas, o país não se tornou membro da Opep+, o grupo que inclui países exportadores de petróleo.
A entrada do Brasil foi confirmada nos seguintes fóruns:
- Agência Internacional de Energia (AIE) – como país-membro;
- Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena) – também na condição de membro;
- Carta de Cooperação entre Países Produtores de Petróleo (CoC) – na posição de país participante.
A AIE é uma organização formada por países consumidores, focada em garantir a segurança do fornecimento e promover políticas energéticas sustentáveis. Enquanto isso, a Irena atua globalmente pelo avanço da transição energética.
A adesão à CoC, que se refere ao petróleo, é considerada um acordo de cooperação menos rígido do que a Opep+. Este espaço propõe um diálogo entre países produtores sem imposições de cortes formais de produção, ao contrário da Opep+.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a adesão aos fóruns expande a influência do Brasil na transição do setor, favorece a segurança energética a médio e longo prazo e acessa oportunidades estratégicas, como capacitação técnica e desenvolvimento de políticas públicas.
“O Brasil é uma potência energética, e sua diversidade deve servir de exemplo para pautar discussões no cenário mundial. A transição e a segurança energética são caminhos complementares. Essa decisão permite que o Brasil desempenhe um papel ativo em um momento de grandes transformações no setor de energia,” afirmou Silveira.
O ministro ainda mencionou que o governo anterior havia encerrado a participação do Brasil na Irena, uma situação que agora foi revertida. Ele criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante sua fala sobre diálogos internacionais.
“O presidente Lula é o maior líder capaz de buscar fortalecer uma governança global para a transição energética, em especial quando as loucuras se sobrepõem à racionalidade, como é o caso que nós temos visto com o novo presidente americano. É hora de sanidade, é hora de equilíbrio, é hora de buscar consenso, é hora de chamar a ciência e a realidade,” disse Silveira.
Adesão é vista com preocupação por ONGs ambientalistas
Organizações não governamentais ambientalistas expressaram preocupação com a nova adesão à carta de cooperação. Elas apontam que essa escolha indica um retrocesso.
A WWF-Brasil declarou: “A opção pelo petróleo retém o país em uma matriz e em tecnologias obsoletas que, nas próximas décadas, nos colocarão dependentes das nações que efetivamente desenvolveram tecnologias para exploração de energias limpas.”
Suely Araújo, do Observatório do Clima, afirmou que qualquer adesão do Brasil a instâncias da Opep é um sinal de retrocesso.
“Continuar a abrir novas áreas de exploração de fósseis em meio ao calorão que estamos sentindo, ao aumento de eventos extremos em todo o planeta, denota negacionismo e indica que escolhemos soluções do passado frente a um enorme desafio do presente e do futuro,” disse.