Página inicial / Notícias / Exposição Memória e Resistência Negra em São Paulo destaca legado da escravidão

- Publicidade -

Exposição Memória e Resistência Negra em São Paulo destaca legado da escravidão

Exposição Memória e Resistência Negra em São Paulo destaca legado da escravidão
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo (OAB SP) realiza até o próximo sábado (24), pela primeira vez na instituição, a Semaana de Memória e Resistência Negra. Como parte da programação, profissionais e visitantes interessadas no tema poderão visitar a exposição Ecos do Silêncio, que apresenta objetos e documentos da época da colonização e escravização de negros do continente africano e seus descendentes diretos.

Os itens fazem parte de uma coleção concebida e aperfeiçoada ao longo de aproximadamente 15 anos pela advogada, cineasta e pesquisadora Mabel de Souza, que se impressionou com a preservação de elementos históricos na cidade de Rothenburg Ob Der Tauber, na Alemanha.

Mabel destaca que sua inspiração para começar a coleção surgiu a partir de uma visita ao Museu de Criminologia da cidade, que exibia diversas peças relacionadas ao período:

“É muito interessante que eles não precisam dizer ‘Olha, a gente está expondo a nossa história porque, para ir para a frente, a gente precisa reconhecer o que houve atrás’. Eles simplesmente expõem, não há o que ser dito. E acho que a gente faz muito pouco disso no Brasil”, afirma a pesquisadora.

Não existe um consenso sobre quantas pessoas foram trazidas à força da África para o Brasil, mas as estimativas variam de 4 milhões a 8 milhões, com uma média de cerca de 5 milhões sendo a mais prevalente. O tráfico humano teve um impacto significativo no perfil demográfico atual do Brasil, que possui a maior população negra fora da África.

A pesquisadora mencionou que os documentos e instrumentos de tortura que encontrou foram adquiridos em diversos estados do Brasil, com investimentos que incluem pagamentos de até 60 parcelas. Esses itens foram inicialmente destinados a ilustrar seu livro, mas acabaram se tornando uma coleção importante:

“Essas peças falam por si só. Todas são originais. Corpos estiveram ali. Gritos. Elas ecoam mesmo, são ecos. Fico muito emocionada quando falo delas”, diz Mabel.

Mabel também apontou a relevância das mulheres negras nesse contexto:

“A gente deve muito às mulheres pretas, porque elas tinham acesso a todos os lugares. Umas falavam com as outras. Muitos de nós fomos separados de nossa família já nessa escravização brutal e perversa”, explica.

Peças como o canga, pau de maiombé e o viramundo são utilizados para manter os negros em posição desconfortável, juntamente com colares de ferro que emitiam sons para alertar os malfeitores em caso de fuga.

A presidente da Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Brasil da OAB SP, Cristiane Natachi, enfatiza a importância da exposição:

“É um marco, com certeza. Saber pela história não é o suficiente; sentir aquele arrepio na coluna é algo que devemos vivenciar”, comenta.

Compartilhe

WhatsApp
X
Threads
Facebook
LinkedIn
Telegram

- Publicidade -

Últimas notícias