A crescente expansão urbana do Setor Noroeste em Brasília tem gerado preocupações significativas entre as comunidades indígenas que habitam a região. A resistência se intensifica em decorrência dos riscos associados aos novos empreendimentos que podem afetar os moradores de cinco aldeias, incluindo a de Álvaro Tucano, um cacique local destacado.
Na última terça-feira (15), um confronto entre Polícia Militar e indígenas evidenciou o desrespeito contínuo aos direitos dos povos originários, segundo Tucano. “Passam mais uma vez por cima de indígenas como se fôssemos invisíveis. Desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, nossas riquezas e direitos são explorados”, desabafou o líder. Ele ressalta a importância de destacar que as terras em questão são habitadas pelos indígenas muito antes da construção da capital federal.
“Não somos nós os invasores. Nunca fomos e jamais seremos”, reafirmou.
A situação é alarmante, pois representa um alerta sobre invasões de terras indígenas em várias partes do Brasil, apesar das recentes conquistas, como a liderança de uma indígena na Funai, mencionou Tucano.
Ele também declarou: “O Brasil está violando direitos assegurados pela Constituição e acordos internacionais. Isso não acontece apenas em Brasília, mas em diversas regiões, como no caso dos yanomami e pataxó”.
Conflito e Desocupação
No mesmo dia, a operação de desocupação ordenada pela desembargadora Kátia Balbino resultou em um confronto direto com os indígenas. A operação tinha como objetivo coibir novas ocupações na área designada para infraestrutura.
Álvaro Tucano alertou para os impactos que a expansão urbana terá sobre as comunidades que vivem nas proximidades, trazendo insegurança e vulnerabilidade. “A ganância imobiliária nos afeta diretamente; por isso, alguns guajajara montaram campamento para proteger nossas aldeias”, afirmou.
Com a presença reforçada da Polícia Militar, a resistência indígena se fez sentir. Os manifestantes reclamaram da abordagem violenta da polícia, destacando a atitude hostil na dispersão dos povos originários.
“Quando não há acordo, a força é imposta. A PM agiu de forma abusiva aqui”, disse Álvaro Tucano.
Desafios e Propostas de Diálogo
O cacique expressou descontentamento com a falta de diálogo eficiente com as autoridades. “Sou uma autoridade tribal e exijo respeito. Se não houver entendimento, utilizam a força para nos calar”, disse, enfatizando a necessidade de um verdadeiro compromisso com os direitos dos povos indígenas.
A decisão judicial que autorizou a ação da Terracap é um indicativo de que os desafios permanecem. A proibição de novas ocupações e a continuidade de obras urbanas põem em xeque a estabilidade das comunidades indígenas na capital federal.