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Associação de vítimas do incêndio na boate Kiss nega que vá processar a Netflix

Cena da adaptação produzida pela Neflix que reproduz vigília de familiares das vítimas Imagem: Guilherme Leporace / Netflix
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Entidade diz que se sente representada pela produção ‘Todo Dia a Mesma Noite’, recém-lançada na plataforma

 

Neste domingo (29), a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria usou as redes sociais para explicar algumas questões envolvendo a entidade e a produção da série “Todo Dia a Mesma Noite”, lançada na Netflix na semana passada.

Por meio de uma nota assinada pelo advogado Gabriel Rovadoschi Barros, representante do grupo, a AVTSM nega que tenha entrado com um processo contra a Netflix. No comunicado, a associação diz que se sente representada pela série, inspirada no livro “Todo Dia a Mesma Noite: A história não contada da boate Kiss”, da jornalista Daniela Arbex.

“Todos familiares de vítimas e sobreviventes retratados por personagens da obra estavam cientes e em concordância. Além disso, reiteramos que não estamos movendo nenhum processo contra as produções, nem pretendemos, por acreditarmos na potência das produções, na luta por justiça e a luta por memória”, diz um trecho da nota.

“Não há nenhum valor sendo pago a nós com a produção, e o que ganhamos é a crença no fortalecimento na luta por justiça e pela memória. Para que não se repita”, encerra o advogado Gabriel Rovadoschi Barros.

O posicionamento da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria acontece após veículos de imprensa noticiarem que um grupo de pais de vítimas da tragédia na boate Kiss, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos no dia 27 de janeiro de 2013, pretende mover um processo contra a Netflix. Esse grupo, no entanto, não faz parte da associação.

A estréia da série foi no dia 25 de janeiro, dois dias depois a produção já figurava no topo dos conteúdos mais vistos da plataforma de stream.

Veja o trailler

Leia a íntegra da nota da associação

“Perante a divulgação em inúmeros veículos da imprensa acerca de um processo contra a empresa Netflix em função da série Todo Dia a Mesma Noite, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da tragédia de Santa Maria esclarece através desta nota que estávamos, sim, cientes que a produção estava sendo realizada com base nos personagens do livro Todo Dia a Mesma Noite: a História Não Contada da Boate Kiss, de Daniela Arbex, e sente-se representada por ela bem como pelo livro da autora.

A produção não retrata de forma individual os 242 jovens assassinados, mas sim um recorte das quatro famílias de pais que foram processados. Todos familiares de vítimas e sobreviventes retratados por personagens da obra estavam cientes e em concordância. Além disso, reiteramos que não estamos movendo nenhum processo contra as produções, nem pretendemos, por acreditarmos na potência das produções na luta por justiça e a luta por memória.

Acreditamos, acima de tudo, que tragédias como a que vivenciamos precisam ser contadas através de todas as formas. Recontar essa história significa denunciar as inúmeras negligências e tentativas de silenciamento que encontramos pelo caminho, além de auxiliar na prevenção para que esse tipo de tragédia não aconteça com mais nenhuma família, algo que temos como propósito desde o primeiro dia de nossa fundação.

 Mostrar o que aconteceu na Kiss faz com que a morte de nossos filhos e filhas, irmãos e irmãs, pais e mães, amigos e amigas não tenha sido em vão. Mostrar a morosidade, a burocracia e como é o sistema judiciário brasileiro serve como denúncia e como protesto. É preciso falar, debater, produzir materiais sobre o que aconteceu naquela trágica noite de 27 de janeiro de 2013, pois só assim conseguiremos que as pessoas entendam o que a ganância, a negligência e a omissão são capazes de fazer. Em Santa Maria, esses fatores mataram 242 jovens e deixaram 636 com marcas físicas e psicológicas.

Entendemos que rever a tragédia, principalmente nos dois primeiros episódios, pode mobilizar os sentimentos, as lembranças e dimensionar a impunidade em sua ferocidade e, com isso, a associação se disponibiliza a acolher e a promover ações para comporem o movimento por Justiça.

Por fim, esclarecemos que desde o dia 27 de janeiro de 2013, nós sofremos com a perda irremediável de nossos filhos, irmãos e amigos, sabemos o quanto isso nos dói. Não há nenhum valor sendo pago a nós com a produção, e o que ganhamos é a crença no fortalecimento na luta por justiça e pela memória. Para que não se repita.

Santa Maria, 29 de janeiro de 2023.”

 

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