Ambev pode ter rombo tributário de R$ 30 bilhões, diz indústria da cerveja

Informação foi apurada em estudo da CervBrasil e revelada pela Revista Veja; empresa é comandada pelos mesmos acionistas da Americanas

A Ambev, gigante do mercado cervejeiro e de produção de bebidas, é alvo de uma denúncia que aponta para um suposto rombo de R$ 30 bilhões em manobras tributárias. O valor foi apontado em um estudo da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) e revelado na coluna Radar Econômico, de Victor Irajá, na revista Veja.

Se confirmado o desfalque contábil, esse seria o segundo rombo em empresas que têm como acionistas majoritários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. No início de janeiro, a Americanas, também gerida pelo trio, informou ao mercado um rombo de R$ 20 bilhões e dívidas que somam R$ 41,2 bilhões. A varejista entrou com processo de recuperação judicial para arcar com os compromissos com 8 mil credores.

No caso da Ambev, segundo a denúncia da CervBrasil à Veja, o rombo não teria origem em pendências com bancos, como na Americanas, mas sim com impostos federais, estaduais e municipais. Segundo a revista, a associação acusa a Ambev de inflacionar preços de componentes necessários à produção de refrigerantes que são passíveis de isenção e geração de créditos fiscais na Zona Franca de Manaus.

Por este motivo, aponta a denúncia, a Ambev teria mais créditos tributários do que teria direito, de fato. A manobra representaria mais lucro à empresa e desfalque às contas públicas. O estudo foi realizado pela consultoria AC Lacerda. À Veja, o diretor-geral da CervBrasil, Paulo Petroni, afirmou que, pelo menos desde 2017, relatórios de fiscalização da Receita Federal apontam “bilhões e bilhões de ilícitos tributários cometidos pelos fabricantes de concentrados de refrigerantes na Zona Franca de Manaus”.

De acordo com o site O Tempo, houve uma tentativa de contato com Paulo Petroni, mas os telefonemas não foram atendidos. Outras fontes do mercado cervejeiro foram consultadas sobre o suposto rombo e informaram não ter conhecimento do estudo até o momento. Procurada via assessoria de imprensa, a Ambev ainda não se pronunciou. Tão logo um posicionamento da empresa for enviado, a matéria será atualizada.