Em tempos de “Setembro Amarelo”, muito se fala sobre questões relacionadas à saúde mental, aos cuidados necessários à pessoa em sofrimento emocional. Infelizmente, esse tema ainda é rodeado de estigmas e preconceitos. Sendo assim, hoje trarei alguns pontos importantes relacionados a esse assunto que contribuem para que o tema Saúde Mental ainda seja, por vezes, um tabu em nossa sociedade.
O primeiro ponto a ser considerado é que passar por um adoecimento emocional é tão natural quanto sofrer um adoecimento físico. Todos nós, em algum momento da vida, estamos sujeitos a isso – seja diante da vivência de uma grande perda, de eventos estressores ou de mudanças significativas, por exemplo. Ainda hoje, pessoas em sofrimento emocional muitas vezes sofrem discriminação e são tratadas de forma diferente das outras. Isso faz com que essas pessoas deixem de buscar ajuda, por medo de não serem acolhidas e de sofrerem preconceito. Uma forma de lutar contra isso é através da busca e disseminação de conhecimento sobre temas relacionados à saúde mental.
Como já dito, todos nós podemos passar por um adoecimento emocional – independentemente da idade, gênero, cultura ou crença. O sofrimento emocional, de forma alguma, é sinônimo de fraqueza. Além disso, muitos consideram que passar por esse tipo de sofrimento signifique “falta de fé”. Essas pessoas costumam menosprezar o adoecimento emocional, tratando-o como se fosse decorrente de um “afastamento de Deus” ou de atividades religiosas. Essa visão é totalmente equivocada. Enquanto seres humanos, seres biopsicossociais, nenhum de nós, independente da crença, estamos imunes ao sofrimento, seja físico ou emocional. Esse preconceito também contribui para que as pessoas deixem de buscar ajuda, além de intensificar ainda mais o sofrimento.
Outro preconceito ainda muito comum em nossa sociedade é o relacionado às pessoas que buscam atendimento e acompanhamento com profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras. Com o passar dos anos, felizmente muita coisa mudou, mas ainda há muito a ser mudado em relação a isso. Quando uma pessoa passa por um adoecimento físico (como por exemplo, problemas de estômago ou coração), dificilmente ela sofre preconceito por buscar ajuda profissional. Já quando o adoecimento está relacionado ao psíquico, o olhar se altera, muitos subestimam. Isso faz com que a pessoa em sofrimento emocional se sinta diferente das demais, se isole e deixe de buscar ajuda.
É nosso papel enquanto sociedade contribuir para a desmistificação da saúde mental, através da busca por conhecimento, do combate ao estigma e à discriminação que rodeiam este tema tão importante e tão presente nos dias atuais.
Larissa Souza e Silva
Psicóloga – CRP 04/53514
Pós-Graduada em Saúde Mental, Psicopatologia e Atenção Psicossocial
@larissasouzapsi
psicologa.larissasouza@gmail.com