Durante a Via Sacra em Planaltina, a 50 quilômetros de Brasília, comerciantes como Matheus de Souza esperam por milagres enquanto oferecem seus produtos ao público. Matheus, de 27 anos, carrega em seus braços sacos de salgadinhos, aspirando a um emprego fixo e a possibilidade de voltar a estudar para cuidar melhor das duas filhas.
“Estudei só até a quinta série. Nem sei ler direito”.
Trabalhando como auxiliar de limpeza em uma escola, Matheus divide seu dia entre o trabalho e a venda de salgadinhos em sinais de trânsito. Sua rotina é intensa, indo de 9h às 22h.
Na mesma Via Sacra, José Silva, um cearense de 40 anos, tenta garantir o sustento de seus cinco filhos vendendo batata frita. Ele só estudou até a segunda série e se considera analfabeto. A viagem diária até o trabalho, abrangendo 85 quilômetros, é um desafio constante.
“Seria um milagre voltar a estudar, mas só se Deus quisesse mesmo”.
O evento, dirigido pelo dramaturgo Preto Rezende, reúne uma multidão de até 100 mil pessoas e 1,4 mil voluntários, que reencenam a paixão de Cristo em 14 estações.
Inspirado por desafios, Carlos Silva, um devoto de Padre Cícero, optou por vender produtos artesanais, sonhando em concluir o ensino fundamental pelo EJA. Ele também passou por dificuldades e deseja encontrar um lugar para viver e empreender.
“Ter uma casa para morar, terminar o curso de ensino fundamental e alugar uma loja seriam milagres para mim”.