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Gabriel Galípolo destaca medidas do governo com foco estrutural e impacto a ser avaliado

Gabriel Galípolo destaca medidas do governo com foco estrutural e impacto a ser avaliado
© Agência Brasil

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (27) que as medidas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm um foco estrutural e que o impacto dessas iniciativas sobre suas próprias projeções será analisado posteriormente.

“A minha visão é que são medidas que estão conversando menos com o momento do ciclo da política monetária. A questão do Imposto de Renda fazia parte do programa de governo do presidente Lula. Quando olho para o consignado [privado], me parece ser uma medida que se insere numa lógica estrutural”, disse.

As declarações foram feitas por Galípolo em sua primeira entrevista a jornalistas desde que assumiu o cargo no BC, em janeiro deste ano. Em dezembro do ano passado, ele participou de um evento ao lado do seu antecessor, Roberto Campos Neto, simbolizando a transição de comando.

Com uma queda na popularidade de Lula, medidas para estimular a economia foram apresentadas, como o novo consignado para trabalhadores do setor privado e a proposta de ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para aqueles que ganham até R$ 5.000 mensais.

Porém, as propostas de expansão fiscal do governo geram preocupação entre os agentes econômicos, afetando os preços dos ativos e as expectativas de inflação, que se deterioraram para prazos mais longos.

Na ata do último Copom (Comitê de Política Monetária), o BC reiterou a necessidade de serem implementadas políticas fiscais e monetárias harmoniosas.

“O esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia”, afirmou.

Galípolo ressaltou que o impacto do novo consignado para trabalhadores do setor privado ainda não foi incorporado nas projeções do BC. Ele afirmou que os dados estão sendo avaliados com cautela devido às incertezas sobre a magnitude desse impacto, considerando a grande variação nas estimativas.

“Há dúvidas sobre o quanto isso representa um fluxo de crédito novo e como isso vai se desdobrar ao longo do tempo”, destacou.

Até as 17h da última terça-feira (25), R$ 340,3 milhões haviam sido concedidos com a nova modalidade de consignado, totalizando 48 mil contratos fechados e um valor médio de R$ 7.065,14 por trabalhador. Apesar de o empréstimo entrar em vigor no dia 21, a oferta ainda está restrita em grande parte dos bancos, com uma expectativa de liberação em massa apenas a partir de 25 de abril.

Sobre a política de juros, Galípolo afirmou que o Copom estabeleceu a taxa Selic em um patamar contracionista, mesmo ante um cenário de juros neutros mais elevados.

Na semana passada, a Selic foi elevada em um ponto percentual, para 14,25% ao ano. O colegiado do BC sinalizou que a alta deve continuar em maio, mas com uma intensidade menor.

Após a mais recente alta, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) isentou Galípolo dos efeitos do choque de juros administrado pelo BC, mencionando que a nova cúpula lida com uma “herança” da gestão anterior.

Galípolo também comentou sobre as declarações de Haddad, defendendo a unanimidade nas decisões do BC e ressaltando as dificuldades do Brasil em conciliar juros elevados com uma atividade econômica dinâmica.

“Não tem bala de prata, é necessário revisitar uma série de pontos e implementar reformas para facilitar a transmissão da política monetária”, concluiu Galípolo.

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